sábado, 3 de julho de 2010

Confissões de uma alma perdida!


Durante muito tempo fui caminhando de cabeça baixa, olhar perdido entre memórias distantes que teimava em avivar. Ilusão, foi apenas o que restou, camuflara-se insolentemente sobre a forma de esperança. Passeava-se vezes sem conta em frente dos meus olhos vidrados, vaidosa do seu efeito hipnotizante no mais profundo do meu ser. Até que um dia, dia esse que poderia ser igual a tantos outros, a ilusão fez mais que balançar-se diante de mim e abraçou-me novamente nos seus braços fortes fazendo-me sentir segura e levando-me a crer que se tratava de algo mais. Na realidade ela era a mesma de outrora, aquela que eu já havia conhecido e prometido a mim mesma não mais voltar a encontrar. Bastara apenas um anzol, uma pequena minhoca indefesa como isca para que fosse pescada feita peixe imbecil!! Como qualquer outro disfarce ou fantasia, na verdade, a verdade acaba sempre por dar a cara e vir ao de cima, ainda que tarde, tem necessidade de abastecer as botijas de oxigénio à superfície do vasto mar que nos acolhe a alma. Chamo-lhe mar não com o intuito embelezar esta modesta confissão, apesar da sua beleza indiscutível e calma aparente que é capaz de nos transmitir, acolhe nas suas profundezas inúmeros segredos, tal e qual como a alma.

De nada me vale culpar o pescador, muito menos a pobre minhoca… aquele pequeno peixe poderia simplesmente continuar a nadar sem parar para contemplar o que aparentava ser um presente de Neptuno. O peixe em questão virou sushi, sem direito a final feliz, pelo menos para ele, certamente muito mais feliz foi quem saboreou a refeição.

Se lhe fosse dada uma nova oportunidade e aquele o peixe pudesse voltar a viver, ele saberia agora não mais poder voltar a cair no mesmo erro, caso reencarna-se sob a forma de pássaro, saberia ainda que apesar de não existirem anzóis ou tubarões no céu, há águias e outros perigos!

De hoje em diante, caminharei de cabeça erguida encarando o céu de sorriso nos lábios! Que apenas os raios de sol me iluminem o rosto, os demais atingirão o escudo que coloquei em frente ao peito!

É uma promessa :)

2 comentários:

Not Strangers disse...

Já te tinha dado a minha opinião acerca deste texto que escreveste, mas penso que não é demais deixar-te algumas palavras mais :)
A tua forma de escrita tem algo de único, um traço importante para qualquer escritor e que muitas vezes o caracteriza. Falo do sentimento que colocas em cada palavra. São palavras vividas, sentidas e muitas vezes emocionadas, o que me agrada e penso falar por todos aqueles que leram este texto.
O facto de te teres aventurado por outra forma de escrita que não a poesia a que estas mais acostumada, só demonstra a versatilidade que tens o que me parece ainda mais admirável.
Os meus parabéns, e espero por mais textos assim :) *

Aníbal

Anónimo disse...

Este textinho espelha bem o que vai aí dentro e é sempre melhor deitar tudo cá para fora da forma como só tu sabes ;)

Confessa lá...Não te sentiste melhor depois de teres terminado de escrever?

Não conseguimos deixar de pensar no que seria do peixinho se não tivesse mordido o anzol mas às vezes é preciso morder o anzol para perceber o que há fora da água,para testar as nossas capacidades regenerativas(e claro que o peixinho não morre,não nesta metáfora :P e até respira fora de água e tudo :D )

É muito melhor caminhar de cabeça erguida porque os raios de sol são muito mais valiosos que as pedras que encontras no caminho ;)