sábado, 14 de maio de 2011

Reflexões não sei muito bem de que


Quando caminhamos por caminhar, sempre em frente, sem paragens, sem olharmos ao redor e contemplar os pequenos detalhes, quando caminhamos sem nunca olhar o que ficou para trás, certamente não iremos muito longe.

E entristece-me o Mundo da gente grande que é séria demais, chata demais, mecânica demais, que não vê para além do evidente nem se esforça por conhecer o que não pode ser visto com os olhos. Essa gente que eu tanto temo em tornar-me igual e que essa coisa chamada sociedade se esforça diariamente por me empurrar ao seu encontro. Não quero crescer, recuso-me a fazê-lo! Afinal somos de carne e osso, não suposto robôs.

Gosto tanto das estrelas! A minha vontade era vê-las sempre no céu a brilhar como mil sóis, infelizmente só as vejo de olhos bem fechados, nos braços da almofada. “Sonhar é para as crianças”, passam a vida a repetir! Irrita-me! Errado!! Sonhar é para toda a gente! É preciso sonhar para acreditar que é possível! É ser livre nesta prisão de amarras e bichos feios. É ter esperança quando a última crença ficou demasiado cansada de se manter em pé e se foi.

Mais do que estrelas, gosto dos amigos e esses sim, são em número incomparavelmente reduzido em relação as estrelas! Mas não importa! Mesmo que seja só um, já é o meu tesouro. O que faz de mim sentido, e me ilumina em cada caminho escuro, que me ampara sempre que estou prestes a cair e me ajuda a levantar quando estou no chão. Somos um para o outro e sou tudo para ele quando já não tenho nada para mim…

Às vezes perdem-se amigos…mas os verdadeiros por mais perdidos que pareçam estar, são incrivelmente mais fieis que um cão deixado em qualquer parte do mundo e que acaba sempre por encontrar o caminho de volta a casa. Se assim não for, não lhe podemos chamar Amigo, apenas uma confusão de gramática com um ser conhecido qualquer.

A nossa passagem pela Terra é efémera é certo, mas cabe a nós dar-lhe um significado maior, marcar alguém, sem brasas de ferro ou dor, apenas com um toque de uma pétala suave da nossa alma, isso sim, é eternamente gratificante.

É preciso cativar! É preciso ser cativado! “E que quer dizer cativar?” Citando as palavras da raposa de Antoine de Saint-Exupéry numa conversa com o Principezinho: “É uma coisa muito esquecida. Significa "criar laços”.”… ” Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo…” E eu tenho necessidade de cativar e de ser cativada, ainda que se corra o risco demasiado grande de chorar quando nos deixamos cativar. A verdade é que a gente só conhece bem aquilo que cativou!

Quando algo nos cativa, tudo tem um significado maior, uma coisa simples e banal leva-nos a associações mentais completamente fora do real! Onde uma cor, uma palavra, um gesto, um olhar, um sabor ou qualquer outra coisa é capaz de nos trazer ao pensamento aquilo que nos cativou.

Porque agora vejo em mim a flor que se deixou cativar sem se expressar, que mostrou apenas os seus 4 espinhos e por medo perdeu aquilo que a cativou, aquela flor demasiado orgulhosa para chorar à frente do Mundo, a que seca por fora mas que se afoga no silêncio das lágrimas contidas nas suas pétalas...

Que a vida nos cative!

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